Perfil da Semana - JOHN CASABLANCAS
lundi 11 mai 2009 |

E a história deliciosa de John Casablancas está na melhor parte: a criação da Elite e tudo o que se seguiu.



A CRIAÇÃO

John Casablancas criou a Elite com o intuito de elitizar - agenciar apenas 12 top models, a elite da elite. Instalou a agência na rua Georges Bizet, em Paris, no seu número da sorte: 17. E sorte não lhe faltou.

As Doze modelos "iniciantes" foram roubadas de outras agências ou então encontradas por scouting. Formaram o primeiro book, apenas com top models, um logo moderno e várias capas de revistas (no mínimo extraordinário, se tratando de uma agência estreante). É claro que a Elite contava com alguns diferenciais: imaginação e capacidade de promoção; inserção na vida social de Paris; bom relacionamento com os fotógrafos; e grande aceitação por parte do público. Mas, essenciais mesmo para o surgimento e a manutenção da Elite, foram essas duas pessoas importantíssimas: Jeannette, top model e namorada, e Azzedine Alaïa, designer e grande amigo.

O conceito de exclusividade se manteve por muito tempo, e o sucesso obrigou a agência a crescer. O scouting era agressivo, os métodos eram ousados e, em pouco tempo, a Elite passou a dominar a cena européia. Afinal, naqueles anos, tudo que era A Moda, estava na Europa. Não existiam grandes designers norte-americanos, e a agência de modelos que roubava a cena lá era a de Eileen Ford, que levava o seu sobrenome, e só competia com a agência de Wilhermina e agências menores, que ficavam muito atrás. Estava na hora de expandir seus negócios...


Identidade visual da Elite, inspirada em símbolo fálico, e lista das doze primeiras modelos

CONQUISTA DO OESTE

Os primeiros anos da Elite NY foram repleto das MODEL WARS, como chamou a revista New York. Mas dois fatos foram cruciais para a vitória de John Casablancas.

O primeiro fato: Janice Dickinson foi, segundo John Casablancas, "uma das melhores modelos do mundo, e provavelmente a mais pirada". Ela era uma estrela, havia triunfado na Europa e na América e queria se juntar à Elite. Tinha uma aparência exótica e uma personalidade ousada e irreverente - completamente compatível com John. Entretanto, ela namorava, na época, o fotógrafo Mike Reinhardt, que explicou que seria tratado muito mal pela agência de Wilhermina - sem modelos para suas fotografias - caso tirasse sua namorada, a estrela da agência, de lá. A resposta foi simples: Janice passou a se comportar muitíssimo mal, até que Wilhermina teve de demiti-la. No dia seguinte, ela assinou com a Elite.


Elite John Casablancas: só top models

O segundo fato: Eileen Ford roubou duas bookers da Elite, o que iniciou um boato de que Casablancas já era! Assim, John Casablancas resolveu as coisas da melhor forma possível - e fazendo o que fazia melhor: uma grande festa no Studio 54 (que tinha inaugurado no mesmo ano que a Elite), que contou com a presença de todo mundo que era alguém em NY, desde suas modelos a Andy Warhol e os Rolling Stones. E de festas ele entendia bem - as festas da camiseta, outra das suas criações, em que o convite era uma camiseta com os dizeres ELITE JOHN CASABLANCAS que deveria ser usada na festa, foram sucesso.

E em pouco tempo John já tinha Christie Brinkley, Claudia Schiffer, Cindy Crawford, Naomi Campbell, Linda Evangelista, Kim Alexis, Andie McDowell, Stephanie Seymour (com quem ele teve um affair, que foi um escândalo e culminou na sua separação da então esposa Jeanette, quando o filho dos dois, Julian, tinha seis anos) e muitas outras.

PRESENTES

Por causa Elite, John foi ao show do David Letterman e da Oprah e, mais importante, à Playboy Mansion de Hugh Hefner, seu ídolo da adolescência. Também durante a época da Elite, John casou com Jeanette, com que teve seu primeiro filho: Julian Casablancas, que encontraria, no mesmo Le Rosey a que John foi, seu amigo Albert Hammond Jr., com quem formou a banda The Strokes.



John com Julian ainda bebê

DROGAS

John teve experiências traumáticas com drogas e, por isso, nunca foi adepto delas. Seus vícios sempre foram mulheres, álcool, jogos, carros - adrenalina, por si só. Porém, o auge da Elite NY foi também o auge das drogas: todo mundo usava. Nos estúdios de fotografia, era cocaína para todos os lados - pros fotógrafos, modelos, editores, auxiliares. John conta que um fotógrafo amigo seu possuía, no estúdio, duas geladeiras: uma para bebidas, outra para cocaína; um outro estilista tinha um freezer para alimentos e outro com sete tipos diferentes de maconha.

Entretanto, para as agências, modelos e drogas era uma péssima combinação. No início, as drogas traziam uma languidez interessante para as fotos, assim como uma aura de fora-da-lei que atrai as pessoas; porém, isso dura pouco. John passou por situações inconvenientes geradas pela droga com uma modelo chamada Esmé - logo ela estava perdendo duas de cada três sessões de fotos. Eileen a levou para a Fame (sua nova agência) e John trouxe a new face Julie Wolf, que chamou de "a nova Esmé", com a vantagem de ser responsável, querida e não se drogar. Foi automático: a carreira de Esmé acabou e Julie virou estrela.



Elite elitista

BRASIL

Não tendo esquecido o caso de amor que tivera com a cidade do Rio de Janeiro - só se comparando ao que tivera com Paris - John voltou ao Brasil, também atraído pelas belezas das mulheres brasileiras, e trouxe seu concurso de beleza. Os Elite Model Looks foram de muita ajuda à agência, sempre trazendo garotas lindas e talentosas - Cindy, Gisele, Ana Beatriz, só para ficar em três. Foi em um Elite Model Look que John Casablancas conheceu Aline, com 17 anos - e ele quase 50 - por quem se apaixonou. Aline largou a carreira de modelo e os dois acabaram se casando; tiveram filhos e estão juntos até hoje
.


Outdoor e concorrentes do Elite Model Look no Brasil, com Gisele e Ana Beatriz bem novinhas

GISELE

Vou deixar as palavras para o próprio: "em uma carreira na qual eu conhecera a traição em todas as suas formas, a de Gisele foi especialmente fria e egoísta. Ela foi a única modelo em meus trinta anos de carreira que me deixou no exato momeno em que minha agência a tornara a modelo número 1 do mundo. (...) Cindy Crawford acabou indo embora, mas depois de 14 anos juntos, e tendo a decência de nos dar a oportunidade de saber antecipadamente dos seus planos e negociar". John ainda cita o exemplo de outras modelos e as compara à atitude de Gisele, que largou a agência do dia para a noite, levando consigo a booker Ann Nelson, na semana em que receberia o prêmio da VOGUE VH-1 Fashion Awards, e ainda agradeceu, nessa oportunidade, à agência IMG, pelo magnífico trabalho feito. Agência essa que estava com ela há menos de uma semana.

Não vou entrar detalhes do escândalo, mas ler - o preto no branco, literalmente - o que Gisele fez, mudou totalmente a minha opinião sobre ela, que sempre a havia admirado. Assim como John, ainda a considero uma modelo maravilhosa; mas pelo que John fala em seu livro, mesmo que víssemos o que todos os lados da história têm a dizer, Gisele continuaria sendo exatamente como é descrita no livro "Vida Modelo".

FIM DE FESTA

Um escândalo com seu sócio, Gerald Marie, que comandava a sede da Elite em Paris, fez com que a agência perdesse a credibilidade. O escândalo foi enorme, trazendo tudo o que jornalistas sensacionalistas gostam: drogas, prostituição, muito dinheiro. Todos os envolvidos foram suspensos, mas a Elite já estava condenada; alguns anos depois, John Casablancas largou a agência.

Atualmente ele tem uma agência de modelos em São Paulo, a Joy Model Management, e comanda o concurso de modelos Beleza Mundial. Vive com a mulher Aline e os filhos alguns meses por ano no Rio, outros em Paris, e bem menos viajando.


Aline, em foto de modelo, e depois com John


Entrevistas recentes com John Casablancas:
1, 2, 3 e 4.



Vídeo do lançamento do livro "Vida Modelo" no programa CQC


Não acho que fiz jus à vida incrível de John Casablancas - por isso digo: comprem o livro, leiam o livro. Vale a pena. E finalizo com um parágrafo que ele escreve na apresentação e que sintetiza a minha filosofia de vida...

É só que, dependendo de como eu olhava para a minha vida, minha existência parecia rica e excitante ou apenas fútil e superficial. Bem-sucedida, repleta de aventuras? Definitivamente. Mas, significativa? Conclui que vivi uma viagem única de descobertas e glamour sem fim, de criatividade e realizações, de insolência e irreverência, de liberdade e beleza. Nada do que fiz mudou o mundo, mas que delícia que foi!

E é isso, John. Nós o adoramos.

Clarissa

fonte das fotos: livro "Vida Modelo", autobiografia de John Casablancas

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escrito às 15:27 | back to top