jeudi 30 avril 2009 |
Todas as segundas-feiras, das 9h45min às 12h15min, eu tenho uma cadeira chamada Teoria da Informação. Confesso: quando me deparei com esse nome no currículo da faculdade, acreditei que fosse uma matéria chata, inútil e entediante. Grandíssimo erro: Teoria da Informação é só o nome dado a essa cadeira que estuda a semiótica. Com a semiótica já me entendia muito melhor - semestre passado peguei o livro "Discursos da Moda: Semiótica, Design e Corpo", da Kathia Castilhos, para ler em casa. E me apaixonei.
Para quem não sabe, a semiótica é o estudo dos signos e das mensagens a eles atreladas. Eu vou dar um exemplo: pensem num Loubotin vermelho sangue. Me vem à cabeça sensualidade, Scarlett Johansson, lábios carnudos vermelhos, sexo, fetiche, femme fatale. E por quê? Porque a cor vermelha e o salto alto remetem a essas idéias (talvez não exatamente cada uma delas, porque a impressão semiótica depende de uma experiência prévia que é individual de cada pessoa, embora haja uma espécie de consenso coletivo quanto algumas significações).
Se pensarmos que um look completo do nosso dia-a-dia envia mensagens através de cores, formas, corte, caimento, acessórios, maquiagem, cabelo, percebemos que, de certa forma, a nossa moda individual traz um discurso sobre nós e nosso estilo de vida. E o mais interessante é que muitas vezes nem percebemos qual a mensagem que enviamos ou por que a estamos enviando - mas estamos.
Nas últimas semanas vim fazendo um trabalho de análise das dimensões do signo para essa cadeira e escolhi, como objeto de análise, um editorial que Patrick Demarchelier clicou para a VOGUE Britânica de Dezembro de 2005 chamado "Party like it's 1929".
Party Like It's 1929 - VOGUE Britânica, Dezembro de 2005; Patrick Demarchelier (fotógrafo), Leanda McConnel (editora), Solange (modelo)
Cada foto acima representa uma década, e é engraçado analisar quantos possíveis significados foram agregados à imagem final. Partindo do óbvio, a primeira imagem faz uma alusão direta às melindrosas da década de 20, mas o que quer dizer o bolero extravagante da segunda imagem? Pode ser apenas uma releitura de um clássico da época, mas a extravagância de Schiparelli (super em alta na década de 30) não teria nenhuma influência? O preto da terceira foto pode muito bem ser o símbolo da austeridade ou luto do período da Segunda Guerra Mundial, um fato representativo da década de 40. Mas então nos deparamos com a última imagem - incrivelmente múltipla, em que cada aspecto traz mais de um significado. Só para dar um exemplo: os cabelos soltos remetem à rebeldia, à idéia de liberdade e aos movimentos jovens característicos da década de 60 ou à atriz Brigitte Bardot, uma das primeiras grandes divas do cinema a ter longos cabelos e deixá-los soltos? Pode remeter aos dois, ou a nenhum, dependendo que quem analisá-lo. Indo mais fundo: teria Demarchelier ou McConnel pensado em todos esses aspectos quando decidiram soltar o cabelo da modelo ou foi apenas senso estético?
A semiótica abre um mundo inteiro de discursos e possibilidades, e quando um temos um campo como a Moda (que traz antropologia, sociologia, história e filosofia embutidas), que pode ser pura Arte e é, definitivamente, constituída de signos (intencionais ou não) e mensagens, que é pura subjetividade e sensibilidade, a semiótica encontra o terreno perfeito para se construir. E quando pegamos um estilista icônico como John Galliano, onde suas criações são espetaculares e ele próprio afirma que cada desfile conta uma história, até onde podemos ir?
Christian Dior Spring 2009 Couture Collection
Até onde a interpretação deixa de ser do próprio estilista e de sua intenção e passa a ser pessoal de alguém que está usando ou analisando a sua criação? Até onde o próprio estilista planejou e o que foi pura sensibilidade?
E quando sabemos que a Moda - a real Moda - vai além das superficialidades e é, sim, pura Arte, nos deparamos com um universo de possibilidades que não tem fim. Mas isso já é história para um novo post.
Clarissa
fonte das fotos: Demarchelier.com e Style.com
Libellés : Clarissa, Moda é Arte, Semiótica
Um pouco de Semiótica
jeudi 30 avril 2009 |
Todas as segundas-feiras, das 9h45min às 12h15min, eu tenho uma cadeira chamada Teoria da Informação. Confesso: quando me deparei com esse nome no currículo da faculdade, acreditei que fosse uma matéria chata, inútil e entediante. Grandíssimo erro: Teoria da Informação é só o nome dado a essa cadeira que estuda a semiótica. Com a semiótica já me entendia muito melhor - semestre passado peguei o livro "Discursos da Moda: Semiótica, Design e Corpo", da Kathia Castilhos, para ler em casa. E me apaixonei.
Para quem não sabe, a semiótica é o estudo dos signos e das mensagens a eles atreladas. Eu vou dar um exemplo: pensem num Loubotin vermelho sangue. Me vem à cabeça sensualidade, Scarlett Johansson, lábios carnudos vermelhos, sexo, fetiche, femme fatale. E por quê? Porque a cor vermelha e o salto alto remetem a essas idéias (talvez não exatamente cada uma delas, porque a impressão semiótica depende de uma experiência prévia que é individual de cada pessoa, embora haja uma espécie de consenso coletivo quanto algumas significações).
Se pensarmos que um look completo do nosso dia-a-dia envia mensagens através de cores, formas, corte, caimento, acessórios, maquiagem, cabelo, percebemos que, de certa forma, a nossa moda individual traz um discurso sobre nós e nosso estilo de vida. E o mais interessante é que muitas vezes nem percebemos qual a mensagem que enviamos ou por que a estamos enviando - mas estamos.
Nas últimas semanas vim fazendo um trabalho de análise das dimensões do signo para essa cadeira e escolhi, como objeto de análise, um editorial que Patrick Demarchelier clicou para a VOGUE Britânica de Dezembro de 2005 chamado "Party like it's 1929".
Party Like It's 1929 - VOGUE Britânica, Dezembro de 2005; Patrick Demarchelier (fotógrafo), Leanda McConnel (editora), Solange (modelo)
Cada foto acima representa uma década, e é engraçado analisar quantos possíveis significados foram agregados à imagem final. Partindo do óbvio, a primeira imagem faz uma alusão direta às melindrosas da década de 20, mas o que quer dizer o bolero extravagante da segunda imagem? Pode ser apenas uma releitura de um clássico da época, mas a extravagância de Schiparelli (super em alta na década de 30) não teria nenhuma influência? O preto da terceira foto pode muito bem ser o símbolo da austeridade ou luto do período da Segunda Guerra Mundial, um fato representativo da década de 40. Mas então nos deparamos com a última imagem - incrivelmente múltipla, em que cada aspecto traz mais de um significado. Só para dar um exemplo: os cabelos soltos remetem à rebeldia, à idéia de liberdade e aos movimentos jovens característicos da década de 60 ou à atriz Brigitte Bardot, uma das primeiras grandes divas do cinema a ter longos cabelos e deixá-los soltos? Pode remeter aos dois, ou a nenhum, dependendo que quem analisá-lo. Indo mais fundo: teria Demarchelier ou McConnel pensado em todos esses aspectos quando decidiram soltar o cabelo da modelo ou foi apenas senso estético?
A semiótica abre um mundo inteiro de discursos e possibilidades, e quando um temos um campo como a Moda (que traz antropologia, sociologia, história e filosofia embutidas), que pode ser pura Arte e é, definitivamente, constituída de signos (intencionais ou não) e mensagens, que é pura subjetividade e sensibilidade, a semiótica encontra o terreno perfeito para se construir. E quando pegamos um estilista icônico como John Galliano, onde suas criações são espetaculares e ele próprio afirma que cada desfile conta uma história, até onde podemos ir?
Christian Dior Spring 2009 Couture Collection
Até onde a interpretação deixa de ser do próprio estilista e de sua intenção e passa a ser pessoal de alguém que está usando ou analisando a sua criação? Até onde o próprio estilista planejou e o que foi pura sensibilidade?
E quando sabemos que a Moda - a real Moda - vai além das superficialidades e é, sim, pura Arte, nos deparamos com um universo de possibilidades que não tem fim. Mas isso já é história para um novo post.
Clarissa
fonte das fotos: Demarchelier.com e Style.com
Libellés : Clarissa, Moda é Arte, Semiótica
Glam!
A idéia surgiu com o nome
No
Backstage e domínio do
blogspot. Com o
tempo e a necessidade de um domínio próprio, concluímos que a proposta do blog
havia evoluído e que o título original era restrito demais. Surgiu assim
Allez Glam! do francês
allez, que quer dizer
vá, e
glam, abreviação de
glamour (curiosamente, descobrimos
posteriormente que
alles, com uma pequena mudança na grafia, significa
tudo em alemão; também apropriado). Ou seja - vá com
glamour, faça
com
glamour, viva com
glamour! Só não quebre o salto.
Clarissa Réos Wolff mora em Porto Alegre, tem 18 anos, é do signo
de peixes e cursa Design de Moda na UniRitter. Atualmente, planeja e
pseudo-escreve dois livros, faz os trabalhos da faculdade (que adora!), e mantém um
blog próprio. É viciada em séries de TV e
chick lit, mas também adora cinema, literatura e arte; não vive sem dançar, ler, viajar, escrever, comer e dormir (que são duas coisas deliciosas). Adoraria se mudar para França para terminar a faculdade e definitivamente sonha grande demais.
Marina
Teixeira também mora em Porto Alegre, tem 19 anos, é do signo de virgem e cursava Direito na PUCRS até Abril/09. Decidiu mudar porque nunca se imaginou sendo advogada; escolheu Jornalismo. Adora séries de TV, literatura fútil (Lolita Pille e Sophie Kinsella escrevem MUITO), mas gosta de Nabokov e Jeffrey Eugenides também. Adora descobrir lugares novos. Não tem blog próprio porque não tem paciência. Se pudesse escolher, passaria a vida viajando e fazendo compras. E escrevendo - sempre.
Contato: você pode encontrá-las através dos e-mails
clarissa@allezglam.com e
marina@allezglam.com ou através do
Twitter (
Clarissa e
Marina).
Colaboradores
- a geminiana de 20 anos
Alice Silveiro cursa Direito na PUCRS, fez intercâmbio no ano passado
para Paris e viajou por toda a Europa, nos trazendo histórias
interessantíssimas.
- a fotógrafa
Júlia Barros colaborou com o
Allez Glam! nos primeiros meses de existência do blog. Para ver mais sobre o trabalho dela,
clique aqui.